sábado, outubro 29, 2005


Poema nu

Em gritos de nudez fomos feitos. Entre lágrimas de nudez morreremos. No entretanto, o corpo hiberna na condenação ao pudor desejado. Fecha-se como um livro de páginas censuradas. Como uma ilha de ninfas amaldiçoadas, castra-se. Como o medo que se esconde num cálice de fogo gelado.

Escrevo-me nua. Tal como este poema. Sou princípio de lágrima. O poema, esse, desconhece a nudez das cinzas.

Lê-me como palavra. Oferece-me a eternidade.