Poema nu
Em gritos de nudez fomos feitos. Entre lágrimas de nudez morreremos. No entretanto, o corpo hiberna na condenação ao pudor desejado. Fecha-se como um livro de páginas censuradas. Como uma ilha de ninfas amaldiçoadas, castra-se. Como o medo que se esconde num cálice de fogo gelado.
Escrevo-me nua. Tal como este poema. Sou princípio de lágrima. O poema, esse, desconhece a nudez das cinzas.
Lê-me como palavra. Oferece-me a eternidade.
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