quinta-feira, setembro 29, 2005


Despedida



No fio da navalha

Being on the tightrope is living; everything else is waiting.

Karl Wallenda


Footsteps

Your footsteps under the Sun
The night can not erase
The Moon shines above them.

terça-feira, setembro 27, 2005


Uma cidade torturada



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O terramoto, que se sente no eléctrico, desgasta as ruas de pedrinhas desenhadas. Tortura , sem piedade, as avenidas, as praças, os becos. O aço dos carris apodrece os caminhos martirizados pelo tempo. Como sofres, Lisboa. Até o electrico te corroi a alma. E o Marquês, já é apenas estátua. Já não te poderá sarar as feridas. Observa, lá de cima, a tua dor. Teme pela sua vida numa cidade escavada.


segunda-feira, setembro 26, 2005


Deixa ficar a flor

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Deixa ficar a flor,
A morte na gaveta,
O tempo no degrau.

Conheces o degrau
Depois do patamar;
O que range ao passares;
O que foi esconderijo
Do maço de cigarros
Fumados às escondidas...

Deixa ficar a flor.

E nem murmures. Deixa
O tempo no degrau,
A morte na gaveta.

Conheces a gaveta:
A primeira da esquerda,
Que se mantém fechada.
Quem atirou a chave
Pela janela fora?
Na batalha do ódio,
Destruam-se, fechados,
Sem tréguas, os retratos!

Deixa ficar a flor.

A flor? Não a conheces.
Bem sei. Nem eu . Nem niguém.

Deixa ficar a flor.

Não digas nada. Ouve.
Não ouves o degrau?

Quem sobe agora a escada?
Como vem devagar!
Tão devagar que sobe...

Não digas nada. Ouve:
É com certeza alguém,
Alguém que traz a chave.

Deixa ficar a flor.

David Mourão-Ferreira

domingo, setembro 25, 2005


Da arte condenada


Apaga em mim o rastilho das noites apodrecidas
Queima os nossos lençóis de seda enferrujada
Acende em mim as trevas da cama feridas
Lembra a arte dos corpos em nós condenada.



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sábado, setembro 24, 2005


O teu Mar

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O teu mar é apenas ondulação de falésias passadas. No túmulo das tuas águas, jaz a minha paixão. As gaivotas já não pousam nos rochedos. O nevoeiro cegou os faróis que as orientavam. As conchas que coleccionava foram arrastadas pelo meu areal ferido pela tua rebentação. O sol, esse, abre chagas que laceram a pele que expus à tua tempestade.




A Story




The sea has a story to speak
As I lie on the lonely beach.
The wind has a lesson to teach,
The stars sing an anthem of glory,
I can not put into speech.


The waves tell an ocean of spaces,
Of hearts that are wild and brave,
Of desolate shores they lave;
Of men who sail in quest of gold
To sink in an ocean grave.



sexta-feira, setembro 23, 2005


Tears

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In your eyes
to cry
to make
rivers in your withering look.

quarta-feira, setembro 21, 2005


Fumo-te


Apaguei-te enquanto me viciavas
Ardeste-me quando te desejava
Porque me torturavas?
Porque te amava?



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The way we are deleted


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domingo, setembro 18, 2005


Palavras fatigadas


As palavras estão fatigadas.
Sofridas, fartas,
de tanto percorrer
os degraus de um tempo doloroso;
de se alimentar
de ossos corroídos pela fome,
de adormecer
em lençóis entrangulados de solidão.
Caladas, as palavras,
aqui morrem...



...


Quando a noite se veste de luto
Gotas de luar choram nas trevas
Lágrimas servidas em cálice de sangue
Bebida crépita de dor putrefacta
Que jaz na escuridão infinita.