domingo, novembro 27, 2005


Contradições

lettre, Evina Scmidova



O teu rosto flutua na minha taça de vinho
Bebo para matar a sede que tenho de ti
Embriago-me até te afogar dentro de mim.


O teu nome crava-se no aparo da minha caneta
Escrevo para te saborear em cada palavra
Risco-te até que sejas apenas folha rasgada.



sábado, novembro 26, 2005


...

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ABrito



No meu poema deito
o teu corpo
Com os meus versos acaricio
as tuas formas
Não uso rima e pontuo
o teu modo de ser
Espero o título que satisfaça
o meu prazer.



sexta-feira, novembro 25, 2005


O teu ser

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És um solo fértil em que me espalho
Macio, húmido e terno me acolhes
Em ti enterro as raízes do que valho
E dou-te depois o fruto que recolhes.

És a água que escoa e em mim hesita
No meio da tua torrente me sacias
Em ti afogo o que em mim medita
E sou depois a margem que acaricias.

És ainda a pedra que me lacera e rasga
De musgo coberta para refrescar a chaga.





quinta-feira, novembro 24, 2005


Dos amigos

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Porque me comovi quando chamada de amiga por este meu Amigo.


quarta-feira, novembro 23, 2005


Ser Mulher





Sou o pântano húmido e fértil que te sacia
Sou ainda o solo que te engole e devora
Em mim nascem rios que matam a tua sede
Habitados por crustáceos e seixos que te enterram.


Sou a boca onde procuras as tuas respostas
Sou ainda o gemido e o grito que te enlouquecem
Em mim adormeces o cansaço dos teus dias
Habitados por colinas de tédio e horrores.


quinta-feira, novembro 03, 2005


Casa Assombrada





Vejo luzes que se atravessam pelos corredores. Distingo uma sombra murcha sobre o chão da sala. Ouço o ruído de passos que se arrastam pelo quarto. O pêndulo do relógio continua a marcar o tempo. Nunca chegámos a acabar o vinho. Os copos continuam lá. Chega até mim o teu riso, dessa noite. E quase jurava escutar o eco das tuas palavras: “Amo-te”. Mas como te responder, amor?
Quando abandonaste a nossa casa, foi como se a cidade toda tivesse sido evacuada. Também eu parti.

terça-feira, novembro 01, 2005


Mais uma vez

Mais uma vez
Sacrificas as minhas palavras
Mais uma vez
Perco-me na tua interrupção
Mais uma vez
Desces esta página
Mais uma vez
A mais

domingo, outubro 30, 2005


Quando penso em ti




Quando penso em ti, tu regressas-me
ao que só os meus dedos vestem
Crio e amplio cada traço teu
até me sufocares o olhar
Abres-me o desejo
Desafias-me
a rasgar-te
Fundir-te
em mim

sábado, outubro 29, 2005


Poema nu

Em gritos de nudez fomos feitos. Entre lágrimas de nudez morreremos. No entretanto, o corpo hiberna na condenação ao pudor desejado. Fecha-se como um livro de páginas censuradas. Como uma ilha de ninfas amaldiçoadas, castra-se. Como o medo que se esconde num cálice de fogo gelado.

Escrevo-me nua. Tal como este poema. Sou princípio de lágrima. O poema, esse, desconhece a nudez das cinzas.

Lê-me como palavra. Oferece-me a eternidade.



sexta-feira, outubro 28, 2005


Morada do meu ser

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Nesta página habita o meu ser
Destas palavras se faz morada
Gastam-se os dedos a escrever
A fala da alma decepada


quinta-feira, outubro 27, 2005


Escavações

Escavo os destroços do meu espaço
Feito de carne e ossos triturados.
Desenterro-me de velhas gavetas
Cheias de restos rasgados e magoados.
Nos vestígios do tempo em que me faço
Ouvem-se gritos de janelas lacrimantes
Jorram das paredes de quartos já fechados
Lágrimas de prazer em soluços sufocantes.



Vida em Mim

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quarta-feira, outubro 26, 2005


No País dos Sacanas


Que adianta dizer-se que é um país de sacanas?
Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
Não há mesmo melhor do que uma sacanice
para poder funcionar fraternalmente
a humidade de próstata ou das glandulas lacrimais,
para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.

Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?

Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a
justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma.

Jorge de Sena, 10.10.1973





Uma simples, mas sentida dedicatória ao meu amiguinho Jerico


terça-feira, outubro 25, 2005


No teu poema

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És esta página em que me espalho
Sou só vocábulos e assim me acolhes
Em ti enterro as sílabas do que valho
Apago todo o vazio para que me olhes.

Sou a tinta que escoa e em ti hesita
No seio das minhas palavras te sacias
De bruços sobre o que em ti medita
Sou um novo glossário que acaricias.

Sou ainda o vento que te sopra a folha
Para que neste poema não haja despedidas.


domingo, outubro 23, 2005


O resgate

Com os deuses do teu altar
celebrei um contrato de permuta:
O meu corpo como oferenda
em troca do resgate da minha alma.







sábado, outubro 22, 2005


Fragmentos de Tempo

I
Cansada do teu solo vulcânico
Lentamente a minha lava arrefece
II
Trago a minha alma encharcada
De enfrentar os teus temporais
III
Tenho o meu cais isolado
Pelos perigos do teu nevoeiro
IV
Das minhas lágrimas faço versos
Até que um dilúvio te afogue no poema
V
É de vento a tinta com que escrevo
E te empurra para fora desta página

quarta-feira, outubro 19, 2005


A estátua

De repente, o sol encharca-se de chuva. Atravesso, então, a rua e abrigo-me debaixo de uma árvore. É quando o avisto. Está sentado num banco de tábuas gastas pelo atropelo dos anos. Indiferente ao vento que sopra gotas de água contra si, olha fixamente a estátua à sua frente. É uma figura flagelada pelo musgo do tempo, por dejectos dos pássaros e mutilada pela erosão do cenário que lhe foi destinado.
Mas o peso da chuva descobre-lhe a nudez. Chuva que pára. O sol reaparece e avança sobre os seus seios, como se aprendesse o caminho. Mergulha sobre o seu ventre e deixa-se escorrer pelas curvas das suas coxas e nádegas. Noto que toda a luz do dia disputa o seu rosto e interrogo-me: "Em que deusa o teu criador se inspirou?

Nisto reparo no banco vazio e uma voz interpela-me: - Cativa, não cativa? Imagine, agora, o modelo. Como esquecê-la? As pedras também morrem, não morrem?



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terça-feira, outubro 18, 2005


Da tua tela

Pintei nos teus olhos o azul
que uma ave me trouxe do céu
Desenhei o teu sorriso no verde
das marés de algas perfumadas
Deitei sobre o teu ventre o vermelho
do pôr-do-sol penetrando o mar
Esgotei tantas latas de tinta
numa tela que não merece a côr.


Só um pedido

Serei as raízes que sustentarão a tua árvore
Serei a seiva que te alimentará por dentro
Serei o vento que dançará com o teu tronco
E trará os pássaros para te namorar os ramos
De uma lágrima tua farei beijos de chuva

Em troca, meu amor, só um pedido:
Que me dês abrigo no colo da tua sombra
das ruínas desta terra massacrada e sangrenta.

sábado, outubro 08, 2005


O teu retrato

Achei-te embalsamado num retrato que havia guardado no fundo de uma gaveta esquecida pelo tempo. Gastei-te com a ternura dos meus dedos até os sentir descarnarem-se.
Estás amarelecido, bafiento, boloroso, um coágulo de sangue esborratou os teus lábios e uma mancha de morte laminou-te o sorriso. Com a raiva de uma lágrima apago a dedicatória de letrinhas desenhadas a azul sobre o colo das tuas mãos. Mãos que faço minhas e com que te rasgo lentamente em mil pedaços de náusea. Sacrifico-te num altar de chamas. Enterro as tuas cinzas nas raízes putrefactas de uma árvore a quem roubaram a memória. Rio-me para os vermes a quem servirás de alimento.

Nascerá um poema ou um cardo?

segunda-feira, outubro 03, 2005


Gas'n'Go




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sábado, outubro 01, 2005


Triste...





Mergulho no líquido do copo
Náufrago encalhado na cinza
Do perfume necrófilo do cigarro
Com sabor ao sal da tua ausência

quinta-feira, setembro 29, 2005


Despedida



No fio da navalha

Being on the tightrope is living; everything else is waiting.

Karl Wallenda


Footsteps

Your footsteps under the Sun
The night can not erase
The Moon shines above them.

terça-feira, setembro 27, 2005


Uma cidade torturada



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O terramoto, que se sente no eléctrico, desgasta as ruas de pedrinhas desenhadas. Tortura , sem piedade, as avenidas, as praças, os becos. O aço dos carris apodrece os caminhos martirizados pelo tempo. Como sofres, Lisboa. Até o electrico te corroi a alma. E o Marquês, já é apenas estátua. Já não te poderá sarar as feridas. Observa, lá de cima, a tua dor. Teme pela sua vida numa cidade escavada.


segunda-feira, setembro 26, 2005


Deixa ficar a flor

stair.jpg



Deixa ficar a flor,
A morte na gaveta,
O tempo no degrau.

Conheces o degrau
Depois do patamar;
O que range ao passares;
O que foi esconderijo
Do maço de cigarros
Fumados às escondidas...

Deixa ficar a flor.

E nem murmures. Deixa
O tempo no degrau,
A morte na gaveta.

Conheces a gaveta:
A primeira da esquerda,
Que se mantém fechada.
Quem atirou a chave
Pela janela fora?
Na batalha do ódio,
Destruam-se, fechados,
Sem tréguas, os retratos!

Deixa ficar a flor.

A flor? Não a conheces.
Bem sei. Nem eu . Nem niguém.

Deixa ficar a flor.

Não digas nada. Ouve.
Não ouves o degrau?

Quem sobe agora a escada?
Como vem devagar!
Tão devagar que sobe...

Não digas nada. Ouve:
É com certeza alguém,
Alguém que traz a chave.

Deixa ficar a flor.

David Mourão-Ferreira

domingo, setembro 25, 2005


Da arte condenada


Apaga em mim o rastilho das noites apodrecidas
Queima os nossos lençóis de seda enferrujada
Acende em mim as trevas da cama feridas
Lembra a arte dos corpos em nós condenada.



ropes2.jpg



sábado, setembro 24, 2005


O teu Mar

100cor3.jpg


O teu mar é apenas ondulação de falésias passadas. No túmulo das tuas águas, jaz a minha paixão. As gaivotas já não pousam nos rochedos. O nevoeiro cegou os faróis que as orientavam. As conchas que coleccionava foram arrastadas pelo meu areal ferido pela tua rebentação. O sol, esse, abre chagas que laceram a pele que expus à tua tempestade.




A Story




The sea has a story to speak
As I lie on the lonely beach.
The wind has a lesson to teach,
The stars sing an anthem of glory,
I can not put into speech.


The waves tell an ocean of spaces,
Of hearts that are wild and brave,
Of desolate shores they lave;
Of men who sail in quest of gold
To sink in an ocean grave.



sexta-feira, setembro 23, 2005


Tears

lagrima.jpg




In your eyes
to cry
to make
rivers in your withering look.

quarta-feira, setembro 21, 2005


Fumo-te


Apaguei-te enquanto me viciavas
Ardeste-me quando te desejava
Porque me torturavas?
Porque te amava?



smoke2.jpg



The way we are deleted


thewaywearedeleted.jpg



domingo, setembro 18, 2005


Palavras fatigadas


As palavras estão fatigadas.
Sofridas, fartas,
de tanto percorrer
os degraus de um tempo doloroso;
de se alimentar
de ossos corroídos pela fome,
de adormecer
em lençóis entrangulados de solidão.
Caladas, as palavras,
aqui morrem...



...


Quando a noite se veste de luto
Gotas de luar choram nas trevas
Lágrimas servidas em cálice de sangue
Bebida crépita de dor putrefacta
Que jaz na escuridão infinita.


quarta-feira, agosto 10, 2005


Blank space



This empty space
.
.
.
.
of lost words
has been written with the sound
of my tears
crying in your eyes.


sexta-feira, agosto 05, 2005


In your knee

I leave a kiss
softly
at the top of your knee

I drag your leg
slowly
with a trail of saliva

I dress your body
gently
with the taste of my fingers

The sheets untidly
battle
with the storm of my body

I crawl again to your
knee
to apart your legs

I let my mouth
starving
follow their desire.




desire.eddecavalcanti.jpg



To be

To be drops
of water
in your hair
of sweat
in your body
of tears
in your face

To be thirsty
for you

sábado, julho 30, 2005


Fosse-me a carne opaca pensamento


Fosse-me a carne opaca pensamento
a vil distância não me deteria
e de remotos longes num momento
até onde te encontras eu viria.
Nem me importava que tivesses os pès
no ponto que é de ti mais afastado:
o pensamento vai de lés a lés
mal pensa no lugar a que é chamado.
Mas mata-me pensar que em mim não pensas
para saltar as milhas quando vás;
feito de terra e água em partes densas,
espero em ânsias o que o tempo traz.
Nem lentos elementos trazem mais
do que choros, da nossa dor sinais.
William Shakespeare


quarta-feira, julho 27, 2005


Light and shadow



It's where your light shines
That my shadow walks


terça-feira, julho 26, 2005


How?


How can I have lost you
If I have never found you?
How can I have touched you
If these fingers haven't felt you?

segunda-feira, julho 25, 2005


The Darkness


Years and years of pain
forever have fallen like rain
All those months and days
forever they fell from the sky
They fell to the ocean of sadness
They fell to the sea of despair
ran up on the rocks of destruction
were lost and forgotten out there
Out there at the edge of reality
Out there in the sea of regret
they sailed out of life into death
Even death cannot live in this darkness
Even death finds himself all alone
What has been before
is a sonnetized fair warning
There is always room for more
The dark turns out the light
and there at the moment of clarity
there it will all fade away
Fade away into a nightmare
Fade away into darkness...

domingo, julho 24, 2005


Da Dor



despair.gif




Na tua boca o sumo do meu sangue
Entre o vaivém da faca no meu pulso.



sábado, julho 23, 2005


Contradictions



I want to give voice to the silence
Undress myself of the sounds
Awake up all the nights
Sleep the day light




Your Sea


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I've rented a boat to your sea
To live in your strong waters
Penetrate me with your waves
Dry my tears with your salt .

sexta-feira, julho 22, 2005


Being your slave


Being your slave, what should I do but tend
Upon the hours and times of your desire?
I have no precious time* at all to spend,
Nor services to do, till you require.
Nor dare I chide the world-without-end hour
Whilst I, my sovereign, watch the clock for you,
Nor think the bitterness of absence sour
When you have bid your servant once adieu;
Nor dare I question with my jealous thought
Where you may be, or your affairs suppose,
But, like a sad slave, stay and think of nought
Save, where you are how happy you make those.
So true a fool is love that in your will,
Though you do any thing, he thinks no ill.

W. Shakespeare, Sonnet 57



fetish14.jpg


quinta-feira, julho 21, 2005


To be found

I've searched
never knowing what urged me

I've found you
yet always needing more

I've questioned
Never daring to believe you

I've answered
You weren't listening

I've cried
You were blind to my tears

I've hidden
You never tried to find me.

domingo, junho 19, 2005


To think of you...



I think I will leave you
And I'm already waiting...

I think I will deny you
And I'm already wanting...

I think I will silence you
And I'm already shouting...

I think I will hide from you
And I'm already offering...

If I think I don't feel you
It's because I'm lying...

If I think I hate you
It's because I'm loving...

If you are looking at me
I'm already trembling...


quarta-feira, junho 15, 2005


Estilhaços



Sou esta, aquela e mais outra
E, sendo todas, não sou nenhuma
Faço da partida a minha chegada
Regresso sempre onde não estou.

Fui tua, daquele e de mais outro
E foram tantos não sendo nenhum
Eram estilhaços o espelho da entrega
Traí-me a mim mesma por não ser inteira.



Escavações



Escavo-me por dentro para me achar
Por entre destroços, cinzas, ossadas
Perco-me, em mim, sem nada encontrar
Sou um deserto de rotas descarnadas.


quarta-feira, maio 25, 2005


Porque...

Porque não durmo?
Porque está assim tão escuro?
Porque não vê o escurecido olhar a claridade nocturna?
Porque me impede a escuridão de visualizar a própria noite?
Porque a luz sofrida durante o dia me cegou!

quinta-feira, maio 19, 2005


"The world is flat"

I have a daughter who is a sophomore in college and another who is in the 11th grade of high school. My message to them is very simple: Girls, when I was growing up my parents used to say to me, "Tom, finish your dinner. People in China and India are starving." I say to my girls, "Girls, finish your homework. People in China and India are starving for your jobs." When the world was round, say 30 years ago, you would much rather have been born a B+ student in Indianapolis, Indiana, rather than a genius in Bangalore, India. Because the Indian genius, unless he or she could get a visa out of India, really could not plug and play with his or her talent. Today, you do not want to be a B+ student in Indianapolis. You would much rather be a genius in India, because that genius can now innovate at a global level without ever having to emigrate. That is what the flat world makes possible.

Thomas L. Friedman about "The World is Flat"




domingo, maio 15, 2005


Lágrimas


Invandes-me o olhar com lágrimas de tortura
Beijas-me os lábios com o sabor do teu sal
Bebo-te gota a gota na agonia do teu mal
Devoro-te até que sejas apenas secura.




tearsnadream.jpg


sexta-feira, maio 13, 2005


The Final Cut


Through the fish eyed lens of tear stained eyes
I can barely define the shape of this moment in time
And far from flying high in clear blue skies
I'm spiralling down to the hole in the ground where I hide
If you negotiate the minefield in the drive
And beat the dogs and cheat the cold electronic eyes
And if you make it past the shotguns in the hall
Dial the combination, open the priesthole
And if I'm in I'll tell you what's behind the wall


There's a kid who had a big hallucination
Making love to girls in magazines
He wonders if you're sleeping with your new found faith
Could anybody love him
or is it just a crazy dream


And if I show you my dark side
Will you still hold me tonight
And if I open my heart to you
and show you my weak side
What would you do
Would you sell your story to Rolling Stone
Would you take the children away
And leave me alone
And smile in reassurance
as you whisper down the phone
Would you send me packing
Or would you take me home


Thought I oughta bare my naked feelings
Thought I oughta tear the curtain down
I held the blade in trembling hands
Prepared to make it but just then the phone rang
I never had the nerve to make the final cut


By Roger Waters



The Soul Selects

The soul selects her own society,
Then shuts the door;
On her divine majority
Obtrude no more.

Unmoved, she notes the chariot's pausing
At her low gate;
Unmoved, an emperor is kneeling
Upon her mat.

I've known her from an ample nation
Choose one;
Then close the valves of her attention
Like stone.


By Emily Dickinson


domingo, maio 08, 2005


Palavras caladas



Calaram-se todas as palavras
Que me ensinaste a amar
Envio-te o ruído do seu silêncio
E espero o retorno do seu falar.


sábado, maio 07, 2005


Porque escrevo...

Escrevo na busca interminável de libertação da finitude do momento.

Escrevo porque a vitória da escrita me sabe sempre a derrota.

Escrevo para recuperar as palavras perdidas na fala.

Escrevo na solidão do comunicável.


quinta-feira, maio 05, 2005


Sabes...


Sabes, meu amor, gostaria de poder pintar certos momentos da minha vida.


De os poder fixar na tela para os rever quando quisesse.
De os poder pendurar na parede do quarto sabendo que, embora nem sempre lhes prestasse muita atenção, eles estariam lá para quando precisasse de os saborear novamente.

Sabes, gostaria de poder cristalizar aqueles momentos em que fui realmente feliz, aqueles momentos em que me bastava a tua companhia e o teu suave respirar para que o céu fosse mais céu e o mar fosse mais mar e tudo fosse único e mágico como mágicas e únicas deveriam ser as vidas que se vivem a dois.
Gostaria de ter podido prender as cores do teu peito e a luminosidade dos teus lábios nas pinceladas do meu amor e gostaria que isso tivesse sido o suficiente e o bastante para que esse tempo e esse mover de mãos tivessem sido só nossos.
Mas eu sei que tu sabes, tal como tu sabes que eu sei, que as águas de um rio não passam duas vezes pela mesma ponte.
E que, se por vezes esse rio se faz mar e essa água se faz chuva, é apenas para levar consigo as pinceladas que demos na tela que um dia foi nossa.
Porque tu, meu amor, sabes como eu sei, que quando o mar se faz chuva, o que fica é apenas o que dói e o que dói é, tão só, o sal das lágrimas que um dia chorei por nós.


alexandre monteiro, in Sabor a Sal

sábado, abril 23, 2005


In the cover of darkness

The winds are crying this evening.
The moonlight smiles to empty souls.
She stands by her grave waiting.
Her face seems ageless,
For having seen more things
Than she would have ever wanted.
Her velvet dress dances in the night air.
She reigns in the cover of darkness.
Dropping tears in the damp grass
Is the only sound audible.
In the silence of the distance,
A crowd of bats fly from their havens
Into the sky.
If she could only vanish,
In an instant,
In a sudden movement,
As they did...




terça-feira, abril 19, 2005


To be good, bad or ugly


Am I a good, bad or ugly Cookie?


domingo, abril 17, 2005


Syndicate !

Entre 17 e 18 de Maio, decorrerá, AQUI , a primeira conferência sobre RSS. Apesar do fenómeno ser recente na www portuguesa, a generalização a nível internacional é demonstrada pelos participantes neste evento.

Os grandes canais de notícias -Google News, MSN Newsbot, Topix Net e Yahoo News- e alguns dos media tradicionais -New York Times, Reuters, Billboard- já perceberam a importância do RSS.

Não se podem esquecer algumas estatísticas. O Google News é já, há vários meses, o site noticioso mais visitado nos EUA. Seis milhões de norte-americanos -5% dos utilizadores da Internet- já lêem notícias através de agregadores de RSS.

Mas, então, o que é o RSS?



Remeto a resposta para esta página da Harvard e para este artigo da InternetWeek .

segunda-feira, abril 11, 2005


A "Santíssima Trindade"

















A nova "livra" inglesa








sexta-feira, abril 08, 2005


"Growing up red"

The question: Why does red-suburban middle-America consistently vote against its own interests in election after election?



segunda-feira, abril 04, 2005


Dialectique du voir et être vu

voir et être vu
Evina Schmidova


quinta-feira, março 31, 2005


"Todas as cartas de amor são ridículas" em código binário

Todas as cartas de amor são
Ridículas.

Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.



"Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas"
Álvaro de Campos, 21.10.1935



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quarta-feira, março 30, 2005


Carta de Vincent van Gogh a Theo van Gogh

"As pinturas murcham como as flores"
Vincent ao irmão Théo.

Estas palavras dão nome à exposição, no Museu Van Gogh, de Amesterdão.



Letter 644
Auvers-sur-Oise, 24 or 25 June 1890

My dear Theo,

Many thanks for your letter and for the 50-franc note it contained. The exchange you have made with Bock is very good, and I am very curious to see what he is doing now.
I hope that Jo is better, as you say that she has been indisposed. Certainly you must come here as soon as possible; nature is very, very beautiful here and I am longing to see you all again.
M. Peyron wrote to me two days ago, enclosed is his letter. I told him that I thought about 10 francs for the servants would be enough.
The canvases have arrived now from there; the irises are quite dry and I hope you will find something in it, and there are also the roses, a field of wheat, a little canvas with mountains and finally a cypress with a star.
This week I have done a portrait of a girl of about 16, in blue against a blue background, the daughter of the people I am lodging with. I have given her this portrait, but I made a variant of it for you, a size 15 canvas.
Then I have a long canvas one meter by just 50 centimeters high, of wheat fields, and one which makes a pendant, of undergrowth, lilac poplar trunks and below them grass with flowers, pink, yellow, white and various greens. Lastly, an evening effect - two pear trees all black against a yellowing sky, with some wheat, and in the violet background the château surrounded by somber greenery.
The Dutchman works quite diligently, but still has many illusions about the originality of his way of seeing things. He is doing studies somewhat like those Koning did, a little grey, a little green, with a red roof and a whitish road.
What is one to say in a case like this? If he has money, then certainly he would do well to paint, but if he has to intrigue a lot to make sales, I pity him because he does paintings like the others because they buy them at a relatively excessive price. He will get there though, if only he works diligently every day. But alone or with painters who work little, he won't come to much, I think.
I hope to do the portrait of Mlle. Gachet next week, and perhaps I shall have a country girl pose too. I am glad that Bock made that exchange with me, for I find that, between friends, they have paid a little dearly relatively for the other canvas.
A little later on I should very much like to come to Paris for several days just to go and look up Quost and Jeannin and one or two others. I should very much like you to have a Quost, and there might probably be some way of exchanging one. Gachet came today to look at the canvases of the Midi. Good luck with the little one and a good handshake in thought to you and Jo.

[No signature]

Escrito em 24/25.6.1890, Auvers-sur-Oise
The Letters of Vincent van Gogh, 1886 /1890



terça-feira, março 29, 2005


Do Amor


Armindo Dias


segunda-feira, março 28, 2005


Expectativa Editorial

Vivo um tempo de expectativa editorial. Há mais de um ano, entreguei um texto a uma editora com um retorno das simpáticas palavras "deixe ficar, depois terá a sua resposta".

Meses passados, o segundo telefonema anunciava-me que a comissão de leitura havia decidido publicar a minha obra. Recebi os parabéns, mas com a advertência de que nada poderia ser garantido quanto ao prazo.

O tempo foi e vai passando e o dito prazo deve estar arrumado em alguma gaveta da editora.

Tenho momentos optimistas, no entanto. Penso que a editora me lança a obra, independentemente da sua qualidade, apresenta-me ao território literário e torno-me uma éspecie conhecida.
Enfeitadas as prateleiras das livrarias do país com o meu livro, fazem um lançamento da raridade com oradores, croquetes e bebidas. Eu preparo a minha caligrafia para tanto autógrafo, enquanto um desconhecido me abraça, comovido, dizendo-me: "eu sabia que tu eras uma artista!".
Finalmente, embrulhada e remetida a obra para os comentadores literários é com as suas preciosas críticas revelada a minha existência.

Tenho outros momentos, pois claro. Mas sou uma escritora confiante. Por isso, continuo a aguardar o prazo do não aprazado telefonema.


domingo, março 27, 2005


US Championship

Não. Não queria ter estado na pele dos eleitores americanos. Perante as duas equipas que se apresentaram para a final do campeonato presidencial, em bom provérbio português, diria que é como estar entre a espada e a parede.

Espero que esta imagem ilucide porque saiu vencedora uma e não outra das equipas.


sábado, março 26, 2005


BOA

Estás desempregado? Queres libertar-te do stress do trabalho? Não sentes motivação para tarefas de papelada?

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